terça-feira, 8 de junho de 2010

Ad.


E que a verdade seja sempre dita; o momento seja sempre aproveitado -de preferência agarrado por entre os dedos- e que o beijo seja sempre beijado.
E beijado já antes o fosse se não houvessem limites, se não houvessem desamores.
O beijo não fora o de sempre. Havia ali um desespero atraentemente inocente. Parecia o último dos encontros ao encontro do adeus. Boca, nuca, mão; dentes, dentes, mão.
O dia adiando. Os lábios escrevendo. Ad. Ad. Os corpos dançando com nenhum mundo a mais por perto. Rodando... A voz baixa, o peito rouco, o riso no canto. E os olhos... os olhos fechados, bem fechados, generosos com os ouvidos -seus olhos estavam sendo generosos, permitindo que os ouvidos também captassem melhor o instante- mas se abriam de vez em quando para que cada minuto, num cenário da tarde clara, não se passasse em vão. E não foi em vão. E não é em vão.

Um comentário: