terça-feira, 24 de agosto de 2010

Cerrados


Eu sei, é difícil dizer.
Sim, sim, eu sei, mas preciso.
Preciso dizer o que já sabes.
Pois já me sabes.
Baby, é difícil lembrar do que foi e mais ainda do que não foi. E saber da nossa franqueza, da nossa incerteza, faz eu debulhar-me em lágrimas, mas também em sorrisos. Sim, sorrisos. Dos quais não esqueço jamais.
Penso em nossas inúmeras músicas, baby - feitas só para nós, nas palavras, nas poesias, nas mensagens, nas ligações, na presença, olhos nos olhos, boca e ouvido, boca e boca, gemido. E penso em nós dois e em tudo o que nos constitui um só. Do que mais precisamos além de ad-estar? Acredito que de coragem, hoje, muito mais que antes, de ambos.
Lembro do carinho, do abraço, do peito colado, da orquestra latente em meu ouvido, do cheiro, do beijo - ai, do beijo!-, das mãos enroscadas, do pescoço tão frágil, dos ojos cerrados. Lembro de tudo isso com já tanta nostalgia.
Eu tentei, bem, tentei dar o que precisavas, mas negaste a ajuda. José não negava um carinho, um beijinho, um estar. E eu não negava nada disso. A presença num simples olhar já era bela. É incrível como é simples fazer-nos felizes. [Sim, você me faz feliz de um jeito simples, muito simples.]
Os olhos fechados, la lengua en comun, o querer-te, querido, o querer te querido, as voltas, o ciuminho, a ternurinha, o baby, os 10 contados, o altar particular, o
ad,
ad,
ad
..................................................................................
Quais caminhos convergem pro mesmo lugar?
Tu marchas? Não marchas.
Tu valsas? Não valsas.
Tu giras? Buscas? AMAS? Protestas?
Não. :~
José, para onde?
É tarde e sinto dizer, mesmo sabendo que o pedaço mais importante já foi-se trocado entre nós, que já não há mais nós. A corda está livre, sim -não há mais nós.
E agora, José? A festa acabou...


[Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento. LISPECTOR C.]

sábado, 21 de agosto de 2010

Altar Particular - Maria Gadu


Meu bem que hoje me pede pra apagar a luz
E pôs meu frágil coração na cruz
No teu penoso altar particular

Sei lá, a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje eu sinto que
O tempo da cura tornou a tristeza normal

E então, tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós

Depois, que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós

Se enfim, você um dia resolver mudar
Tirar meu pobre coração do altar
Me devolver, como se deve ser

Ou então, dizer que dele resolveu cuidar
Tirar da cruz e o canonizar
Digo faço melhor do que lhe parecer

Teu cais deve ficar em algum lugar assim
Tão longe quanto eu possa ver de mim
Onde ancoraste teu veleiro em flor

Sem mais, a vida vai passando no vazio
Estou com tudo a flutuar no rio esperando a resposta ao que chamo de amor

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Jardim de mim.

Deixei do meu peito a escuridão libertar-se
Ousei no descuido,
e só por descuido,
Que teu olhar me tomasse

Tomaste-me o beijo
Tomaste-me o folego
Tomaste a mim mesmo
Mas deste o desejo

Prendi-me inocente
No fundo do peito
e meio sem jeito
Me lembro da gente

Já faz tanto tempo
E eu sempre me lembro
Me lembro do vento
Me lembro do tempo
que lento passou.

Me lembro daquele
Daquele jardim
O qual aqui dentro
"Mau juíza" a mim.



[aaaaaaai, me desculpem os que esperaram por algo surpreendente neste bem-dito blog (:, hoje estou um pouquinho sem criatividade -talvez muito sem criatividade-
mas espero que a leitura sirva para alguns.]

Acredito que toda leitura, ainda que infundada, imersa em subjetividade, traz algo de bom para todos nós. Para nós!

Um beijo, queridos!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Implícito

Talvez essa perplexidADe toda fosse apenas uma máscara de desamor, talvez suas palavras estivessem ébrias e se misturaram em um caminho que não era delas. Tropeçaram na fase boa, na fase feliz, na fase ela. E lá ficaram. É que no meio do caminho [de ambos] tinha uma pedra, tiveram que parar. Então parou-se o andar, parou-se o pensar, parou-se o tempo, parou-se tudo, até o amar.
De repente um estalo bate na consciência. É preciso seguir, é preciso chegar, é praciso parar. De sofrer.
Talvez, por alguma razão além do físico, -e desesperadamenteue eu não sei, meu Deus, eu não sei- eles tenham tropeçado, parado, voltado-não-voltando. Num voo só. Um de cada lA/Do. De que ADianta o abraço quente, o beijo manso, as palavras iluminADas se não se pode ter nADa disso? Músicas já não são o bastante, palavras não suprem a falta, lembranças fazem os olhos fecharem e quererem a sensação que fica só na saudADe. Fechar os olhos, deixar os ouvidos agirem, no silêncio ainda se consegue ouvir o som fraco de um coração, ou não. Já é tarde, está escuro, na verdADe aqui sempre esteve escuro. Lá bem fundo, bem no fundo -no mais íntimo e bonito-, há um esconderijo que só os que não têm medo conseguem chegar. Tenho medo do escuro, tenho medo do inseguro [não me deixe só...] Mesmo assim eu vou, sem porquê's, sem proteção, sem hora marcADa. Meu relógio me apressa, diz que não há mais volta, diz que só existe atraso. Eu teimo, eu busco, eu vejo, não-vejo, não sinto, não beijo. Já não sei mais pr'onde ir. Me pergunto. Te pergunto. José, para onde? Já não é mais comigo. E agora, José?

Eu preciso sorrir, porque o pranto logo vem.

sábado, 7 de agosto de 2010


E nem as criaturas mais sombrias poderiam ser mais fechadas para o amor... ela não queria dar amor, não queria receber amor. Não sabia o que era amor.
Talvez um dia tivera sabido o que é esse sentimento tão feliz, tão cheio de beleza, tão cheio de riso. Mas esqueceu, perdeu em algum lugar qualquer explicação ilógica para tanta alegria. Ela não era feliz, não queria ser feliz e não fazia questão de fazer ninguém feliz. Ninguém. Como pode uma criatura ser tão vazia de sentimentos, vontades... desejos? Não é assim que se questiona o tempo, as coisas fugazes, o eu-fugaz, o tu-fugaz, o nós-fugaz. Pra falar a verdade não existe um nós, nunca existiu e possivelmente nunca existirá... ainda que fugaz. O mais intrigante é saber do que foi e do que não foi. Só quem conhece o outro sabe a beleza guardada em seu interior, sabe da poesia carregada, sabe do peito explodindo em brasa, sabe da sensação de fechar os olhos, sabe de quase tudo. Só não sabe do amor. Já dizia meu amigo Drummond, em Amor e seu tempo: "Amor começa tarde." Sim, começa tarde, começa com o tempo, o tempo molda o amor. Ninguém nasce amando um outro ser que não seja uma mãe ou um pai. Ele não a ama, ela não o ama. Eles se entendem, se gostam, se confundem, se prendem.
E essa criatura que não queria dar amor, que não queria receber amor, só precisa ter salvação, voltar com o tempo. Perdido o tempo.
Mas, meu amor, não se atrase na volta não. [ que eu tenho medo de, para nós, ser tarde demais.]

Talvez.

Talvez eu não seja a musa inspiradora,
a menina dos olhos,
a amante
ou protetora.

Talvez tu não sejas aquilo o que eu preciso,
um amigo,
meu amado
um sorriso.

Talvez nós/ não sejamos tão (in)coerentes,
tão (in)compatíveis,
tão contraditórios,
tão (in)congruentes.

Talvez meu sorriso,
Talvez teu amor,
Talvez nossos caminhos...















Simplesmente nunca se encontrem.





[preciso aprender a poesia.]
http://www.youtube.com/watch?v=y5o5rKCs4LY&feature=related

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Tempo ardido.

O tempo não estava a nosso favor, o relógio talvez fosse a arma mais poderosa contra nós naquele momento. Tudo ardia numa ânsia infinita de sensações... éramos só nós dois e o relógio. O barulho me deixava nervosa, porque a cada tic que eu percebia, sentia diminuir o nosso tempo, o nosso tac. Apaguei a luz na tentativa de ficarmos mais à vontade -ficamos. O cheiro, o gosto, o beijo, os olhos [não pare!] tudo era igual e era o mesmo... os dentes, as mãos, a nuca, a pele, o pelo, o peito. Os braços emolduraram os quadris, os olhos se abriram, o brilho se fez, fez-se o riso, fez-se o beijo. Foi-se o fôlego.
O tempo não perdoava. Passava ligeiro, passava vazio, deixava a vontade, deixava esse frio. Deixava você, deixava eu.