quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Tempo ardido.

O tempo não estava a nosso favor, o relógio talvez fosse a arma mais poderosa contra nós naquele momento. Tudo ardia numa ânsia infinita de sensações... éramos só nós dois e o relógio. O barulho me deixava nervosa, porque a cada tic que eu percebia, sentia diminuir o nosso tempo, o nosso tac. Apaguei a luz na tentativa de ficarmos mais à vontade -ficamos. O cheiro, o gosto, o beijo, os olhos [não pare!] tudo era igual e era o mesmo... os dentes, as mãos, a nuca, a pele, o pelo, o peito. Os braços emolduraram os quadris, os olhos se abriram, o brilho se fez, fez-se o riso, fez-se o beijo. Foi-se o fôlego.
O tempo não perdoava. Passava ligeiro, passava vazio, deixava a vontade, deixava esse frio. Deixava você, deixava eu.

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