quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

a pedra.

Gosto da sensação da areia fofa, do vento frio como quem grita aos seus ouvidos, da água gélida que banha os pés, do sol quente ardendo a pele. O sol não saiu. E era tão certo que não sairia e que o dia continuaria cinza que decidi me concentrar apenas na água. Caminhei. A cada passo que dava, milhares de pensamentos inundavam a minha cabeça. Se eu pudesse gravar cada palavra, teria mais que uma música. Eu não me importava com as pessoas que iam e vinham, a sensação da água batendo em minhas pernas me dava a impressão de que aquela era a única realidade que importava. Os pensamentos continuavam à mil e eu só queria uma caneta pra juntar tudo aquilo e fazer ter sentido. E eu continuava a andar como se nada mais importasse, fugindo da realidade no meu "safe home". Todo mundo tem um, o meu é ali. Mesmo com todos os pensamentos que me faziam questionar as mudanças que a vida toma, eu não conseguia deixar de aproveitar aquela realidade, aquele universo, que era só meu ali e só e, sem querer, passei por uma pedra. Era só uma pedra. Muito pequena por sinal, mas grande o suficiente pra chamar minha atenção, mas segui em frente. Embora as ondas insistissem em ir e voltar, a pedra permaneceu, mesmo pequena, imóvel, mas eu não. Fiquei com a pedra na cabeça e quando eu menos me dei conta, voltei para pegá-la. Ela ia embora com a água, mas eu queria aquela pedra, então a segurei com o pé. Não quis levantá-lo com medo de que a água o levasse, então esperei a onda passar. Peguei a pedra. Ela não era das mais bonitas, não tinha uma forma que chamasse a atenção, mas, para mim, era a minha pedra. E só isso me bastava para achá-la linda, porque ela, simplesmente, me chamou a atenção quando só o que me importava era estar ali. Andei mais um pouco. Sentei. Olhei a pedra. E então os pensamentos me invadiram novamente, quase como uma violação, como uma força que me opusera a um momento que acreditei ser feliz. A primeira coisa que pensei, olhando o mar, foi "Essa pode ser a última chance que a vida está dando a vocês dois", na verdade lembrei que alguém me disse isso, eu não pensaria sozinha nessa possibilidade quando não existem possibilidades! Eu só queria minha pedra e pronto. De repente um vazio começou a me incomodar, A solidão de estar ali me consumiu de um jeito que olhei para o mar, indagando, talvez desesperadamente, o porquê daquilo estar acontecendo, o porquê daquela sensação de vazio. A única resposta que tive foi o reflexo dele escorrendo pelos olhos. Não é fácil escolher algo, mas aquela pedra praticamente me chamou, eu nem pensei em não querê-la pra mim. Ela tinha de ser minha e embora parecesse que ela queria ser minha, não me ocorreu que ficar com ela seria a melhor escolha. De certa forma, ela estava lá, no seu lugar, na sua realidade, esperando que eu chegasse sem nem saber que eu existia, da mesma forma que eu também não sabia. Mas os pensamentos, aqueles pensamentos, me obrigaram a discordar de que ela tinha de ser minha. Olhei-a. Quis ainda guardá-la. Exitei. E, nesse dia nublado, eu me desfiz da minha pedra. Jogá-la ao mar foi a coisa mais difícil que fiz depois de tê-la comigo. Tomei coragem e parti de volta para o meu caminho. Como se fosse preciso que todo aquele ritual, toda aquela despedida, ainda que espiritual, terminasse, imediatamente fez-se sol. O sol que eu tanto esperei, que fui atrás e que não apareceu até que eu largasse mão da escuridão e, sobretudo, daquela pedrinha, enfim me abraçou.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

(:


Há certos momentos em que a gente para ___________________________________
e começa a pensar sobre a relevância das coisas.
Há, claro, quem não ligue ou não se incomode tanto com o que acontece no mundo, ou na esquina de casa, ou mesmo no quarto ao lado sob o mesmo teto, mas sempre há um momento em que tudo quer fazer sentido, há um momento em que o ser precisa ser humano.
Hoje, dia 11, para mim, algumas coisas primordiais fazem sentido. Sei que não sou a madre Teresa, nem quero pagar de tal, mas gostaria de dar -ou pedir, sei lá- alguns minutos de reflexão a quem se dedica agora a ler este blog.

Quando deixamos de ser crianças -digo isso porque quando crianças não costumamos nos apegar a nada tanto quanto a nossos pais- começamos a perceber o quanto o convívio em grupo é importante e que, com o tempo, se torna cada vez mais difícil se desassociar dessa massa, seja no âmbito familiar, seja com os amigos de escola, ou de faculdade, com os colegas de trabalho ou seja com um amor.
Todo ser humano precisa estar em conjunto, seja par, ímpar, de dois, de dez, de vinte... e se pararmos para pensar, por instinto, a maioria dos animais vive em grupo. Porém, mais importante que estar em um grupo, é estar feliz neste grupo.
E algo que percebi, mais importante do que estar feliz em grupo, é que é preciso estar feliz sozinho para poder estar em grupo. Não é possível convidar alguém para sua casa, para seu quarto, sem antes arrumá-los. Da mesma forma, não é possível chamar alguém para a sua vida se ela não está do jeito que te deixa feliz. E isso implica não fazer os que estão à sua volta felizes.

O que faz você feliz? E, não menos importante, o que não faz você estar feliz?

Ir à praia e passar algum tempo olhando o mar faz com que você esqueça seus problemas? Vá à praia! Ir à uma boate, dançar, beber, conversar faz a vida parecer mais divertida? Vá à uma boate! Beijar quem você ama o deixa feliz? Beije! Ficar assistindo TV, ler um livro, ouvir música, ouvir o barulho da chuva, ficar debaixo da asa da mãe, nos braços dos amigos, contar carneirinhos, contar repetidas vezes até quatro [1, 2, 3, 4], se é isso ou qualquer outra coisa que te faz estar feliz, agarre com todas e todas as forças que você tiver.
Ser feliz é algo constante, que precisa de renovação diária. E ser feliz requer amor. Nenhum ser humano é feliz sem amor. Mas é muito mais fácil ter momentos de infelicidade quando o seu quartinho interior não está arrumado. Tudo vai magoar, tudo vai ser chato, tudo vai ser cansativo, tudo vai fazer com que você se sinta mal. Nunca deposite a sua felicidade no outro, partilhe-a com ele. É preciso estar bem consigo mesmo antes de estar feliz com os outros e consequentemente ser alegria para os outros.

O importante é ser feliz, sem mascarar o que faz mal, o que faz falta. O homem nunca está completo e sempre busca algo que o preencha, aquela pecinha do quebra-cabeça que falta. Encarar a não plenitude em nossas vidas, é querer buscar o que nos complete; se algo ou alguém te faz falta, corra atrás. Ninguém é feliz sozinho, ninguém é incompatível, ninguém é simplesmente igual a nós. Às vezes é tão difícil aceitar a si mesmo, por isso essa necessidade de estar sempre feliz, por que não aceitar o outro?

Torno a dizer que é impossível estar feliz em grupo quando não se está feliz consigo mesmo. Para isso, é preciso buscar estar feliz e não se entregar simplesmente, é não ter medo de encarar dificuldades e saber que ao superá-las, a felicidade será ainda maior. É preciso não deixar com que as coisas de fora o atrapalhe, trabalho, faculdade, escola; é querer estar feliz em todos os âmbitos e fazer com que os que estão ao seu redor queiram visitar o seu quartinho particular desde que esteja arrumado.
Mas é o tempo, e só o tempo, quem faz o ser humano [se] aceitar, mudar e acolher.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sem sono, a sonhar

A pele tão branca
Tão lisa, tão minha
Deitava em meu corpo
Subia e descia

E os versos ardentes
Na cama eu fazia
Com seu corpo latente
Meu corpo gemia

As mãos eram grossas
A boca nervosa
Em uma agonia que era só nossa

O vício imponente me força a gritar
Entre as pernas molhadas
Já vou descansar

Nossas nnoites em clara me fazem sonhar

[elaborado para a prova de Teoria da Literatura II]

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Anjos

Sendo bem direta ao assunto, e assumindo uma postura pouco comum ultimamente, com o passar do tempo, as pessoas vão assumindo responsabilidades e, cada vez mais, novas responsabilidades vão surgindo no caminho. Algumas dessas pessoas assumem tantas responsabilidades, ou apenas não têm como sair delas, que se afogam nesse mar de cobranças e esquecem que são seres humanos. Pior, esquecem de serem humanas. Digo humanas na verdadeira essência da humanidade: se relacionar, se envolver, se emocionar, se apaixonar, se divertir, se aventurar; dar amor, dar alegria, dar momentos agradáveis, se doar. Esta última, por sua vez, tem sido a mais comum entre as faltas do ser humano: a falta de doação. Seja por stress, seja por cansaço, seja por falta de amor. E as pessoas internalizam essa e outras faltas, se tornando tão desumanas, que parecem mais robôs, vivendo em função do trabalho, dos estudos, de tudo o que é ligado ao profissional. Ou melhor, não vivem. Talvez não viver, estando vivo, seja a maior prisão do ser humano. Em contrapartida, outras pessoas, independente de toda correria, de todo trabalho, de toda responsabilidade, ainda vivem, ainda sentem-se humanas e fazem de tudo pra que isso não se apague de suas vidas. S-E-R-H-U-M-A-N-O. Aproveitam esse dom em sua plenitude e isso chega a ser mais bonito quando se dispõem a dar vida aos que estão à sua volta. Dão vida, dão amor, dão paz, conforto, carinho e tudo isso gratuitamente, sem querer nada em troca além de fazer essas pessoas mais felizes. Viver, pra mim, não é dádiva, é dom. Precisa ser aproveitada em todas as instâncias; dar vida, ser vida, aproveitar TUDO o que a vida pode dar. E às pessoas que esquecem o sentido REAL da vida desejo-lhes um mar de pensamentos bons, de vontades, de desejos, de forças e desejo anjos. Sim, anjos. Acho que todo ser precisa de um; um anjo sem asa mesmo, daquele que caminha no mesmo solo que ele, outro ser. Um daqueles seres que não esqueceram o que é viver e que, acima de tudo, prezam pela sua felicidade e a felicidade de quem está à sua volta. Um anjo não é egoísta, não pensa em si próprio, se doa em função do outro, em prol da felicidade do outro. Assim deveria ser. E é triste pensar que existem poucos anjos. E não é triste querer ser um.

Eu quero te salvar, eu quero ser teu anjo.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Um.cisto

A força e a virtude que tenho
Já não importam depois de hoje
Não me preocupo mais se não venho
Para o que me aguarda ou o que fosse.

Palavras não adiantam
quando forças já não se tem
Pra suportar essa carga tanta
Dos ombros do meu conhecido alguém.

O tempo chegou pra mim
Disso não posso fugir
Ainda que eu não sumisse ,assim,
É chegada a hora de partir.

E simples como quem só dormiu
Não haverá choro, não haverá vela
O mundo que me consumiu
Aquele homem consumiu ela.

domingo, 20 de março de 2011

Era doce, era um bolo. [mais um]

Tudo era tão lindo como se combinou,
ela esperaria, se arrumaria
só para o seu amor

e o tempo foi passando, foi diminuindo,
ela tão ansiosa, ela tão amorosa
para ele ligou -alô? (...)

e ela se fez bonita, e ela se arrumou,
para ver ele chegar,
mas ele não chegou

ainda com esperança, com amor, sem vida
esperou pela vinda,
mas só restou patida

e ele estava em casa, fechado pra tudo
e ela tão chateada,
se fechou pro mundo.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

my dear, we're slow dancing in a burning room.

you leave me feeling dirty
because you can't understand