segunda-feira, 7 de junho de 2010

José e outras significâncias.


Se eu pudesse perguntar a José, eu preguntaria.
Se eu pudesse dar amor a José, eu daria.
Se eu pudesse apenas olhar para José, eu olharia.
José...? José...? [só um minuto, ele não responde.] José??? ... ... ???
José não respondeu, José não quis amor, José não quis ser visto.
Será que José agora morreu? Um sujeito não pode ficar a vida inteira inerte no mundo. É preciso força, é preciso sonho, é preciso coragem. É de demasiada urgência o amor, motor do coração. Estás ficando velho, José, teus cabelos já apresentam os belos fios de prata da vida. Ama.
Como bem disse Drummond: "E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu."
Ou seja: ACORDA, JOSÉ; SE MOVA, JOSÉ!

"-Sujeito teimoso esse José.
-Ele adormeceu na realidade, meu caro Carlos, releve."

Torno a dizer que se pudesse, daria amor a José. Eu gosto de José. O sujeito não tem mulher, não tem discurso, não tem carinho, não pode beber, não pode fumar...
É que ele não tem nada, talvez nunca tivera nada. Não se pode esperar de um indivíduo algo que ele nunca teve acesso, nunca se deve esperar.
Não. José não era teimoso, José era triste.

Quer ajuda, José?

/Rayanne Albuquerque.

(...)

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre
,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?


Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta
;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José
!


(...)
[excerto do poema José, de Carlos Drummond de Andrade.]

http://www.memoriaviva.com.br/drummond/poema022.htm

ATENTE PARA A DIREITA DO POEMA, AUDIO DO AUTOR.

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