sexta-feira, 18 de junho de 2010

(Di)vagar


Envolvida no frio e no escuro da noite, após fazer minha leitura, pensei no que escreveria. Um turbilhão de ideias me enchiam a mente, mas a falta de vontade, de ânimo e, claro, de incentivo não permitiram que eu levantasse do aconchego de minha cama. As ideias eram boas, algumas tristes, algumas bonitas, algumas felizes. Algumas presentes, algumas quiçá futuras. Os olhos estavam fechados, numa eterna gentileza de deixar os outros sentidos aguçados. Lembrei-me então de um quadro do Magritte, The lovers, e não resisti à ideia que ele me passa. O tempo presente, a vida presente. Os olhos continuavam fechados, dando vez à imaginação que ia a mil...
"o l h o s f e c h a d o s p r a t e e n c o n t r a r , n ã o e s t o u a o s e u l a d o , m a s p o s s o s o n h a r . " pensei nisso agora, nessa música, achei que soaria bem.
O quadro do Magritte não sai da minha cabeça...
Pensei em tudo, fim de semana, trabalho, provas, redações, ônibus, bicicleta [tive a estranha vontade de andar de bicicleta num parque.], pés, mãos, boca, nuca, mãos, trens.
Ando, ando, ando. Não sei o que quero nem onde procuro.
Olhos fechados, divagar... devagar... (de)vagar... vagar... vagões.
Não há razão. Ouço ao fundo, do outro lado da casa, uma canção. Bonita. Não existe coesão entre os pensamentos de uma mulher, mas a coerência está implícita. Só os bons conseguem penetrar no coração e nas ideias de uma mulher. Saramago morreu. Isso me deixou triste. Sim, deixou. Eu poderia fazer um post inteiro dedicado a ele, mas meu ego falou mais alto, meu desejo falou mais alto. Falou mais alto o pensamento.
Pela madrugada, imersa na escuridão, pensei na frase de efeito perfeita, na chave de ouro, mas adormeci. E agora já são 13:30. Tenho que ir, seguir meu caminho e ir atrás do que eu já sei.


[esse, aí em cima, é sim o quadro do Magritte, o que tirou involuntariamente meu sono.]

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